22 de ago. de 2012




















Caju



Dia travoso, caju amarrando boca, língua, transformando a garganta em nó.
E um anoitecer forçado. Horas tortas. Mal jeito com garrafas ( as vazias e cheias ) e o choro do céu, em seguida e contínuo. Dias de choro.
Você esteve aqui e velei teu sono: respiração entrecortada, muitas vezes profunda, contendo um turbilhão. Dormiu. Muito.
Eu não dormi. Amanheci noite e anoiteci dia, ao seu lado, só observando.
Olhos cerrados, pálpebras pétalas, cílios cortina...
Ontem voamos. Fomos coragem, medo não: porque não existe nada, nem "pra sempre", nem tempo. Somos trapezistas do nosso mundo.
Você partiu hoje, amanhã no caso de ontem, deixou o aroma em tudo meu.
E meu corpo girou, rodou ciranda. A cabeça, pensamento, velocidade da luz. Existe proteção para isso? O segredo era respirar fundo? Mas, como, se meu peito foi cela? Fui detida: " Mãos ao alto! Está presa por desacato a sua alma! "

Na cela, ouvi minha alma-cárcere:

- Ela divide sentimentos com você!
- Divide, sim... eu sinto e sei.
- E aposto que, quando unidas, o universo desaparece..
- Exatamente. Atravessamos aquele portal proibido, sabe? Onde não se conta tempo, nem sabem o significado das horas. As pessoas são espectros. E, danem-se!

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